Com as chuvas do início da semana, veio à tona novamente o histórico de ocupação urbana de Guarujá, o que não é segredo para ninguém, mas que nunca é demais lembrar. As décadas de 70 e 80, tão cheias de boas lembranças do glamour de outrora, trouxeram para a cidade uma legião de trabalhadores ávidos por vagas no setor de construção civil, que contratava seu pessoal praticamente no laço.
Terminada a obra, uns poucos operários se colocavam em novas vagas, enquanto outros começavam a enfrentar o fantasma do desemprego. Sem moradia e sem o apoio de programas sociais que acompanhassem o tempo em que vivíamos, esses trabalhadores formaram núcleos residenciais nem sempre recomendáveis em termos de estrutura e segurança.
Assim, em sua grande maioria, surgiram as casas encasteladas nos morros, desafiando a geografia e a gravidade. Afinal, quem mora em áreas de risco geralmente o faz por necessidade. Por sorte, hoje há programas habitacionais em andamento que, se não resolvem em definitivo esse drama, ao menos ameniza o quadro e coloca uma luz no fim do túnel.
O projeto que vem ocupando áreas no Cantagalo e no Parque da Montanha devem ser encarados como programas da cidade, não mais como programas de governos. É assim, de passo em passo, que pode-se reduzir esswe abismo social que tira vidas e destrói sonhos a cada nova gota de orvalho.